Ai que vergonha!

abril 09, 2010
Quem já não se viu naquela situação em que a timidez falou mais alto? Você estava ali, com todos te olhando e, de repente, permaneceu em um silêncio até mesmo constrangedor, incapaz de dar continuidade ao seu brilhante pensamento! Se a situação não foi bem assim, pelo menos um caso em que a timidez tomou conta da sua confiança já aconteceu, certo? Isso porque todos nós somos tímidos ocasionais, segundo o psicólogo Ailton Amélio da Silva, professor da Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro Relacionamento amoroso: como encontrar sua metade ideal e cuidar dela.

Longe de ser doença, a timidez tem até uma função social como reguladora, pois nos leva a avaliar as situações e escolher a forma mais adequada de agir em determinado contexto. Mas às vezes uma acentuada dose desse comportamento pode causar problemas de relacionamento. É o que acontece muitas vezes com a estudante de engenharia Amanda Ortega, de 22 anos. Tímida desde criança, ela conseguiu bolsa de estudos na França. No entanto, suas dificuldades para interagir e fazer amigos se multiplicaram. “Eu travo na hora de falar com os franceses, mesmo sendo fluente no idioma, principalmente em situações mais descontraídas.”

Fatores genéticos

Quando essa característica causa sofrimento na pessoa e se configura constantemente como uma preocupação dela diante de diversas situações, estamos falando em timidez disposicional. Silva afirma que há fatores genéticos relacionados a esse tipo de comportamento, mas ter esse gene não é por si só garantia de inibição. “O fator social é preponderante”, explica.

Amanda, por exemplo, se cobra o tempo todo. “Fico imaginando o que os franceses estão pensando do meu sotaque e me acho meio ridícula falando. Na verdade, não gosto de ser diferente porque chamo a atenção e o fato de ser estrangeira já é uma condição que me diferencia”, confessa.

Na origem do problema de quem sofre de timidez disposicional podem estar traumas de infância, pais muito exigentes e críticos, experiências frustrantes e desestimulantes. Para Silva, não é baixa autoestima. “Muitos tímidos não se sentem diminuídos em suas competências, apenas veem suas limitações como um problema de comunicação”, revela.

Eles também não são introvertidos, pois nesses casos a pessoa costuma dispensar o convívio com os outros. “Isso é o oposto do que acontece com os tímidos, que até supervalorizam as relações e opiniões, mas que, no entanto, tendem a ser mais reservados”, ressalta o psicólogo.

Para tentar diminuir essa reserva, o importante é reverter a leitura pessimista que a pessoa faz de qualquer situação que estimula esse comportamento mais retraído. “O tímido é hiper-reativo, superestima as coisas, tornando-as temerosas”, explica Silva. Por isso, é importante essa leitura mais positiva do contexto que causou essa reação nele.

Cada um, na verdade, acaba lidando com essas situações de um jeito. Amanda, por exemplo, confessa que chegou a cogitar pedir ajuda, mas encontrou sozinha a própria maneira de lidar com a timidez. “Sempre enfrento as situações. Por mais difícil que elas possam parecer, procuro não recusar convites e tento ser mais receptiva, apesar de ainda arriscar pouco nas iniciativas”, confessa.
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