Quando o pai ou a mãe estão longe

abril 22, 2010

Se você tem filhos em idade escolar, deve vivenciar uma situação diferente de quando era criança. Cada vez mais, aumenta o número de pais separados, o que até 20 ou 30 anos atrás era mais difícil de ver. Não é raro filhos conviverem apenas com o pai ou a mãe, ou até mesmo morarem com os avós, principalmente se os progenitores têm de ficar ausentes durante todo o dia, por causa de sua vida profissional. Mas, afinal, até que ponto é preocupante a ausência da figura do pai ou da mãe na vida da criança?

Especialistas afirmam que o importante é a educação, o convívio familiar e social e o meio em que a família vive. E, talvez mais ainda, a predisposição em dar segurança para o menino ou a menina. “Há alguns anos, pensávamos que os pequenos imitavam os pais, no entanto, hoje em dia sabemos que eles têm o que chamamos de células-espelho, ou de aprendizado, que repetem as atitudes dos outros à sua volta até criarem sua própria identidade”, afirma o psiquiatra e educador Içami Tiba.
Daí a importância de o adulto — mesmo que não sejam os pais — tomar cuidado nas atitudes, já que ele é a principal referência nos primeiros anos de vida. “Quanto mais próximo do nascimento ocorre uma adoção, por exemplo, melhor para o bebê, até porque esses adultos que desejam criá-lo querem cuidar bem dele”, comenta o psicanalista Davy Bogomoletz. Nos primeiros anos de vida, a presença da figura materna tem mais peso do que a paterna. O bebê desenvolve uma relação mais próxima pelo cheiro e pela alimentação, por causa do aleitamento materno. Por isso, o ideal é que seja a mãe biológica. Isso porque, segundo o psicanalista, estudos revelam que a mulher, antes do parto, recebe uma “injeção” de hormônios que a predispõe a ligar-se ao filho  assim como ocorre em todo o reino animal, cuidando e promovendo a segurança para ele. No entanto, quando esta situação não é possível, a figura materna supre muito bem esse afeto e cuidado. Afinal, o que realmente vale é o amor. 

Pais separados

Quando a separação dos pais ocorre na época em que as crianças são mais conscientes da realidade, após os 7 anos de idade, é imprescindível uma conversa franca, na qual os adultos devem ser os mais sinceros possíveis às perguntas que podem surgir. “Costumo dizer que a tarefa mais importante de quem cria é pregar-lhe uma enorme mentira para o bem: a de que nada de ruim vai acontecer a eles, porque a mãe ou o pai estão lá para tomar conta”, diz Bogomoletz. Claro que não há como prever acontecimentos externos, mas o especialista acredita que essa falseta é fundamental a fim de que a criança cresça sentindo-se segura, amadureça e tenha melhores chances de viver bem na fase adulta.
O divórcio pode tornar-se um indício de que “algo de ruim” vai acontecer à criança. Contudo, depende do posicionamento dos adultos diante dessa situação. Muitas vezes, os pais relacionam-se melhor após o término da relação, depois que os excessos e tensões se dissipam. “Respeito e tolerância sempre devem existir entre um casal, e o que realmente importa para um convívio familiar e um amadurecimento emocional saudável é o apreço que esses adultos têm com o bem-estar de seus filhos, tanto físico como emocional”, enfatiza o psicanalista. Assim, ele tem grandes chances de se tornar um adulto feliz e preparado para a vida.


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